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4 razões pelas quais o Processo de Enfermagem não funciona 100%.

Quando o Processo de Enfermagem não funciona 100%, você tem duas opções: se preocupar com o que está acontecendo e começar a buscar maneiras pontuais de resolver do jeito que você puder, como bombeiro apagando incêndio ou se ocupar em encontrar a raiz do problema para assim corrigi-lo e evitar que se perpetue, melhorando a prática assistencial.

Quero que identificar a raiz do problema seja um pouco mais fácil para você, e por isso, vou compartilhar algumas razões que impedem o Processo de Enfermagem de funcionar 100%, às quais você deve observar para então conseguir mudar a prática de Enfermagem aí onde você a exerce.

Importância do Processo de Enfermagem para a Sistematização da Assistência.

Em primeiro lugar, vamos relembrar a importância do Processo de Enfermagem como sendo, segundo Horta (1979) a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano.

Possui para isto etapas que deverão se inter-relacionar de maneira dinâmica. São elas:

  • levantamento de dados ou histórico de enfermagem: onde se busca conhecer e conseguir informações que possibilitem o andamento do processo. É aqui que cabe ao profissional de enfermagem a devida identificação do e ao cliente e o estabelecimento de um canal de comunicação que efetivamente promova a interação entre as pessoas envolvidas no processo assistencial.

Esse levantamento torna possível a identificação de problemas por meio de um roteiro organizado para levantamento dos dados. As técnicas utilizadas para isso são; a entrevista, a observação e o exame físico. 

  • Diagnóstico de enfermagem: momento de reflexão clínica sobre as informações obtidas na etapa anterior. A análise dos dados permite a identificação das situações que necessitam de assistência e vão servir de base para a construção da prescrição de enfermagem. 
  • Planejamento (Resultados Esperados + Intervenções/Prescrição de Enfermagem): é o momento de planejar a assistência a ser prestada, mediante as informações atualizadas, obtidas nas etapas anteriores. É atividade privativa do enfermeiro, porém pode contar com a colaboração dos demais membros da equipe na construção desse planejamento. Deve ser feito de maneira clara e objetiva, de fácil compreensão para quem executará a ação.
  • Execução ou implementação: é o momento de colocar o planejamento em ação. Isto pode ser feito pelo enfermeiro, pelo técnico de enfermagem e pelo auxiliar, cada qual dentro da sua atribuição específica. O cliente e família também podem ser envolvidos no processo, desde que devidamente orientados pela enfermagem. 
  • Avaliação ou Evolução de Enfermagem: é executada durante todo o processo e tem o intuito de perceber se as ações propostas e executadas apresentam o resultado esperado. E é exatamente nesse ponto que mais uma vez voltamos a ressaltar a importância do registro contínuo, de forma correta e coerente, pois isso permitirá a avaliação e a retroalimentação do processo. Ou seja, ações que não surtiram efeitos terão de ser modificadas, as que já deram o resultado esperado, descartadas e os novos problemas analisados para reprogramação da assistência.

Vantagens da aplicação do Processo de Enfermagem na Sistematização da Assistência

Muitos pensam que seguir estas etapas é algo muito trabalhoso e burocrático e, às vezes, querem até abrir mão da execução do processo, como se isso fosse possível. No entanto, não há como operacionalizar a Sistematização da Assistência de Enfermagem sem lançar mão das etapas do Processo de Enfermagem.

As vantagens da aplicação do processo são:

  • Presteza, rapidez e qualidade do cuidado, pois evita-se a repetição de planejamento do cuidado;
  • Dar direcionamento ao cuidado;
  • Melhorar a comunicação entre cliente/família/enfermagem;
  • Possibilitar o alcance de objetivos com maior rapidez e eficácia;
  • Facilitar a operacionalização do cuidado. 

Razões que impedem o funcionamento adequado do Processo de Enfermagem.

As razões que impedem o funcionamento adequado do Processo de Enfermagem nem sempre são simples e fáceis de resolver, isso porque, podem ser de ordem institucional, não cabendo ao profissional de enfermagem que está na ponta, na realização do cuidado direto, resolver de forma imediata ou podem ser de ordem profissional, inclusive com resistência dos profissionais para aprenderem, mudarem e readequarem a prática.

A seguir vamos abordar essas razões.

1. Falta de conhecimento e aperfeiçoamento técnico-científico

Esta é a primeira razão, pois para que o Processo de Enfermagem funcione é importante que o profissional de enfermagem tenha em primeiro lugar conhecimento e aperfeiçoamento técnico-científico.

E você pode estar pensando que isso se refere a conhecer, saber aplicar as etapas do Processo de Enfermagem.

Sim. Claro que tudo isso é importante! Mas, além disso, é necessário dominar o conhecimento que fundamenta as ações e a prática de enfermagem, desde anatomia, fisiologia, patologia, interpretação de exames até o conhecimento técnico-científico para avaliação, decisão e execução das assistências e procedimentos que serão realizados.

Só para te dar um exemplo do que estou falando: como prescrever uma assistência de enfermagem para um cliente com insuficiência renal se você não souber como e para que o rim funciona, o que se altera no momento que a doença se instala, que medicações podem ser utilizadas, que procedimentos podem ser necessários, que assistências são adequadas para este contexto. Entende?

Então, quando o Processo de Enfermagem não funciona 100%, se você identifica que há falta de conhecimento e competência técnico-científica, é hora de investir em formação para esta equipe e para você se necessário.

Pode ser formação continuada, formação em serviço, cursos, palestras, congressos, simpósios, jornadas… seja organizado e custeado pela instituição da qual faz parte, seja uma busca individual por capacitação profissional. Toda possibilidade formativa possível deve ser explorada.

2. Falta de competência e capacidade para execução do Processo de Enfermagem

Se há conhecimento técnico-científico de base é o momento de avaliar como está a execução em si do Processo de Enfermagem. Conhecer e saber executar uma a uma as etapas, fazendo excelentes investigações, dominando as linguagens para construção dos diagnósticos de enfermagem, elaborando resultados esperados e prescrições de enfermagem adequadas e também utilizando as terminologias apropriadas, bem como avaliando corretamente o cliente.

Se você identificar que a razão que impede o funcionamento do Processo de Enfermagem é a falta de conhecimento sobre ele, é mais uma vez o momento de buscar formação, desta vez para:

– aprender a coletar, agrupar e avaliar os dados frutos da investigação;

– aprender a construir diagnósticos de enfermagem, a partir destes dados, utilizando linguagens como a NANDA-I, a CIPE e a CIPESC;

– desenvolver a habilidade de planejar a assistência estabelecendo os resultados esperados (utilizando a NOC ou a CIPE, por exemplo) e elaborando o plano de intervenções/ prescrições de enfermagem (utilizando a NIC ou a CIPE);

– rever e, se necessário, aprimorar as técnicas de realização dos procedimentos e assistências de enfermagem, seguindo os Protocolos Operacionais Padrão de forma que garanta o cumprimento dos princípios científicos;

– desenvolver a habilidade de avaliar o cliente a partir de critérios específicos construídos com base na NIC, CIPE ou CIPESC.

Estas são, portanto, algumas ideias que você pode utilizar como passo a passo para melhorar a qualidade da execução do Processo de Enfermagem.

3. Falta de apoio profissional e institucional

Para que o Processo de Enfermagem funcione 100% é necessário apoio tanto de toda a equipe de enfermagem como da instituição.

É preciso ter formulários adequados para o registro de cada uma das etapas, além de pessoal em quantidade adequada para realizar e registrar todos os procedimentos e assistências.

O provimento de pessoal, conforme dimensionamento de pessoal, e de material em quantidade ideal são duas das maneiras com as quais a instituição pode apoiar o Processo de Enfermagem para que este seja cumprido de maneira adequada.

Em termos práticos, podemos ter a aplicação do Processo de Enfermagem sendo executado pelo enfermeiro, o qual delega atribuições aos demais membros da equipe de enfermagem de acordo com suas atribuições e habilidades. O apoio da equipe de técnicos e auxiliares é primordial, com a construção diária das observações e anotações de enfermagem, que é uma das bases para a elaboração do planejamento. Cabe ainda a estes profissionais a execução das atividades prescritas, de acordo com suas habilidades e atribuições, com posterior checagem das mesmas.

Se for identificado que o Processo de Enfermagem não está funcionando bem por falta de pessoal e material, ou por falta de apoio e participação dos gestores, diretores, coordenadores ou dos membros da equipe de enfermagem é preciso rever todo o trabalho institucional, pois dessa forma a qualidade assistencial está seriamente comprometida.

4. Falta de desejo e motivação

Esta é a razão que não está no âmbito do técnico e do científico, mas no âmbito pessoal. É preciso que os profissionais de enfermagem estejam de fato conscientes de que o trabalho da Enfermagem não existe sem Processo de Enfermagem e que, estes devem estar desejosos e motivados para oferecer uma assistência de qualidade.

Essa compreensão passa inclusive por entender que, o Processo de Enfermagem é o instrumento que dá voz ao trabalho desta categoria profissional e que a execução deste é diretamente proporcional à qualidade assistencial.

Se essa for a razão do não funcionamento do Processo de Enfermagem é preciso que você se motive e motive a sua equipe a implementa-lo tendo em mente os benefícios já mencionados e também o maior benefício que é o de aumentar o profissionalismo e a credibilidade do trabalho da Enfermagem.

Algumas recomendações que eu asseguro que funcionam:

  • Invista em formação continuada e/ou em serviço;
  • Busque pessoas de referência na área que te ajudarão a aprender mais e a se motivar a por em prática o Processo de Enfermagem;
  • Não tenha medo de assumir que precisa de preparo para aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos;
  • Envolva seus colegas e motive-os a terem o mesmo objetivo que você: melhorar a qualidade assistencial por meio da implantação do Processo de Enfermagem;
  • Não se desanime diante de palavra negativas quanto à possibilidade de funcionamento do Processo de Enfermagem.

Se identifica alguma destas razões trabalhe nelas para alcançar o objetivo maior: brindar ao cliente com uma assistência profissional e de qualidade.

Passe à ação já! Me deixe saber nos comentários como posso te ajudar.

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Enfermagem com Aldri

Copyright©, Aldrina Cândido. 

Enfermeira e Professora de Enfermagem desde o ano 2000, no ensino técnico, superior e pós-graduações, especialista em Formação Pedagógica, Mestre em Gerontologia Social, Doutoranda em Ciências da Educação.

Publicado em 08 de Fevereiro de 2023.

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