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Assim se constrói diagnósticos de enfermagem + guia grátis.

O que você precisa fazer para construir diagnósticos de enfermagem?

A construção dos diagnósticos é parte do Processo de Enfermagem e é uma atividade exclusiva do enfermeiro. Neste artigo vou te dizer o que é o diagnóstico de enfermagem, a diferença deste para o diagnóstico médico, o que você precisa fazer para construir diagnósticos, como obter os materiais oficiais para construção dos diagnósticos e te dar um guia com modelos deles.

O que é um diagnóstico de enfermagem e para que serve?

Não vou trazer aqui um texto estruturado ou extraído de um livro para te dizer o que é diagnóstico de enfermagem. Quero apenas que você pense o que significa a palavra diagnóstico e pense sobre o trabalho intelectual que se faz para chegar a ele.

Vamos, inicialmente, tomar como exemplo a aplicação do termo diagnóstico na medicina. Para um médico realizar um diagnóstico de uma DOENÇA ele precisa de dados que são obtidos conversando com o paciente e/ou familiares, acompanhantes; examinando o corpo e solicitando exames adicionais que, uma vez realizados, são por ele analisados e interpretados. Para chegar à conclusão de que enfermidade o paciente apresenta, o médico precisa analisar todas estas informações com base em todo o conhecimento científico que ele tem e assim, decidir que conduta irá adotar.

Mas, não quero focar neste trabalho desenvolvido pelo médico, porque neste blog o foco é falarmos do trabalho desenvolvido pela enfermagem e, neste artigo mais precisamente, dos DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM.

E aí, você pensou no significado da palavra diagnóstico?

Diagnóstico é um processo de análise que pode ser realizado por profissionais de qualquer área para chegar a uma determinada conclusão. O professor pode fazer uma avaliação diagnóstica para saber como está se desenrolando o processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos; o engenheiro civil pode realizar uma inspeção na obra para diagnosticar danos e/ou riscos de uma estrutura… e você, enfermeiro(a), lança mão da conversa com o paciente, do exame do corpo, da interpretação de exames realizados para diagnosticar PROBLEMAS ou FENÔMENOS.

Chamamos de problemas ou fenômenos de enfermagem tudo que o paciente apresente e possa sofrer uma intervenção direta da enfermagem.

Os dados que você coleta na etapa de investigação são a base para esta análise, interpretação e julgamento que você fará fundamentado no seu conhecimento técnico-científico. As conclusões diagnósticas você deverá escrever em frases, que podemos chamar de RÓTULO ou ETIQUETA e servirão como referência para construir as INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM, ou seja, para que você estabeleça os cuidados que serão feitos para o paciente de forma individualizada.

Observe que, neste texto, deixo bem clara a diferença entre o diagnóstico médico e o de enfermagem. Você observou?

O médico diagnostica DOENÇAS, exemplo: infarto agudo do miocárdio. O enfermeiro diagnostica PROBLEMAS ou FENÔMENOS nos quais possa intervir de maneira direta, exemplo: dor no peito. Você, enfermeiro(a), não terá como prescrever ações para o infarto, mas terá como prescrever ações para a dor sentida no infarto.

Por falar nisso, você sabe o que é necessário fazer para construir diagnósticos de enfermagem? Vejamos a seguir.

O que você precisa fazer para construir diagnósticos de enfermagem?

Construir diagnósticos de enfermagem não é uma tarefa simples, mas também não é uma tarefa impossível. Você precisa considerar diversos aspectos antes de construí-los. Vou mencionar alguns:

2.1 Identificar os problemas ou fenômenos.

O primeiro aspecto refere-se à identificação de problemas ou fenômenos nos quais a enfermagem possa intervir. Já comentei sobre a coleta, validação, agrupamento, identificação de padrões e comunicação dos dados coletados no artigo Definição e passos a seguir para realizar uma investigação. Se não leu ainda, é interessante que leia.

Agora, vou focar na identificação de padrões. Não adianta apenas saber que os problemas existem, é importante, a partir do agrupamento, saber que padrões estão alterados ou que necessidades estão comprometidas, para que você construa os diagnósticos de maneira correta.

Atente-se a isso porque existem tipos diferentes de diagnósticos. Para os problemas presentes, aqueles que você tem evidências deles, sinais e sintomas visíveis, verificáveis, existe um tipo de diagnóstico. Para os possíveis problemas futuros, existe outro tipo de diagnóstico; e existem outros. Portanto, é imprescindível que esta análise seja feita, inclusive, determinando que problemas precisam de ação a curto prazo, quais podem sofrer intervenções a médio ou largo prazo. Na imagem abaixo você encontra todos os tipos de diagnósticos de enfermagem de acordo com a NANDA-I.

2.2 Escolher uma Teoria de Enfermagem como fundamento.

O segundo aspecto diz respeito a caracterização da Enfermagem enquanto ciência. A Enfermagem é uma ciência e, portanto, precisa que todas as atividades desenvolvidas estejam fundamentadas cientificamente. Isso vale para todo o Processo de Enfermagem sendo este fundamento obtido por meio das Teorias de Enfermagem.

As Teorias de Enfermagem são um conjunto de leis e regras sistematizadas que contemplam o conhecimento disciplinar e profissional e servem de base para a prática profissional na enfermagem. Portanto, sempre que for aplicar o Processo de Enfermagem escolha uma teoria para embasar as suas ações.

A tabela abaixo resume algumas das teorias de enfermagem de acordo com o ano, a autoria e o foco.

ANO

AUTORA

FOCO

1854

Florence Nightingale

Como o ambiente influencia o processo de saúde.

1952

Hildegard E. Peplau

O processo interpessoal – maturação para a personalidade.

1959

Dorothy Johnson

O ser humano como um sistema comportamental e o alívio dos estressores como cuidado de enfermagem.

1960

Faye Abdellah

Os problemas do paciente determinam o cuidado.

1967

Myra E. Levine

O holismo – conservação da integridade.

1970

Martha Rogers

Pessoas e ambiente são os campos de energia que evoluem.

1970

Wanda de Aguiar Horta

Necessidades humanas básicas.

1970

Betty Neuman

Necessidades humanas de proteção ou alívio do estresse.

1971

Dorothea E. Orem

O autocuidado mantém a integridade.

1971

Imogene M. King

Alcance dos objetivos.

1974

Irmã Callista Roy

Estímulos rompem um sistema adaptativo.

1978

Madeleine M. Leininger

Cuidado transcultural.

1989

P. Bennel e J. Wrubel

Cuidado essencial – ajuda mútua.

1994

Margaret Neuman

A saúde como conscientização expandida.

1996

Emiko Yoshikawa Egry

Teoria de Intervenção Práxica de Enfermagem em Saúde Coletiva.

2.3 Definir uma linguagem padronizada para descrever os diagnósticos de enfermagem.

O terceiro aspecto está relacionado a como escrever os diagnósticos de enfermagem. Falei antes que os diagnósticos são descritos em formas de frases. Esta descrição deve seguir uma linguagem específica.

Alguns dos objetivos de se utilizar esta linguagem são: universalizar a comunicação e a prestação de cuidados,

  • possibilitar comparação entre os dados obtidos na avaliação dos pacientes;
  • prever problemas e necessidades, e
  • estabelecer uma linguagem comum para descrever a prática da enfermagem.

Diversos são os sistemas de linguagens que existem. Estes são denominados de forma genérica de Sistema de Linguagem Padronizada – SLP – sendo as mais propagadas entre os enfermeiros no Brasil para descrição dos diagnósticos de enfermagem, conforme imagem acima, as seguintes:

CIPE – Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem;

CIPESC – Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva;

NANDA-I – Nanda Internacional

Qual(is) desta(s) você aprendeu ou está aprendendo na sua formação em Enfermagem?

2.4 Construa os diagnósticos de enfermagem consultando o guia da linguagem escolhida.

O quarto e último aspecto é como utilizar esta linguagem específica. Não pense que você precisa saber os diagnósticos de cabeça.

Qualquer uma das linguagens padronizadas escolhida terá sua lista de conceitos que podem estar disponíveis impressos ou em documento online ou ainda em formatos digitais, como por exemplo em softwares, a depender de cada instituição de saúde e da forma como esta implementou o processo de enfermagem.

É esta lista de conceitos impressa em um livro ou disponível virtualmente que estou chamando de guia.

Mas, vale ressaltar que o guia por si não é suficiente. Você precisa desenvolver habilidades de pensamento crítico e raciocínio clínico para construir os diagnósticos considerando os problemas e necessidades de cada pessoa.

Mencionei no tópico anterior a CIPE, a CIPESC e a NANDA-I como linguagens mais divulgadas no Brasil, sendo que destas, apenas a CIPE é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde.

A CIPESC é uma linguagem construída pela Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn –  com a participação de enfermeiros de diversas regiões do Brasil.

A NANDA-I possivelmente é a que mais tem sido adotada nas instituições de ensino superior.

Ao selecionar a linguagem a ser adotada, em caso de instituições de saúde, é necessário que esta adquira os guias impressos ou implante um software desenvolvido com a linguagem para ser utilizado.

Em caso de estudantes e profissionais de modo individual, a saída para ter acesso aos guias é utilizar os livros disponíveis em bibliotecas ou adquiri-los para ter sempre à mão. Alguns deles você consegue acessar por meio de aplicativos.

Comento no próximo tópico sobre como obter os guias/livros oficiais com os conceitos relacionados aos diagnósticos de enfermagem.

Como obter os guias de diagnósticos de enfermagem?

A CIPE é possível obter por meio de download gratuito no site oficial do Conselho Internacional de Enfermeiras. Para acessa-lo, clique no botão ao lado.

A CIPESC pode ser obtida também física em livrarias e há um documento online do qual pode ser feito download no site da Prefeitura de Canoas no Rio Grande do Sul. Para acessá-lo clique no botão ao lado.

Minha indicação é o aplicativo CIPESC Fácil, bem simples e intuitivo para usar e atualizado na versão 7.0.0 na data de publicação deste artigo. Para verificar clique no botão APP CIPESC ao lado.

A NANDA-I não tem versão online oficial para download ou consulta. A orientação é comprar uma versão física ou digital do livro NANDA. Recomendo buscar em sites oficiais de venda como Amazon, Submarino, Americanas e outros ou em livrarias. Tenha bastante cuidado com versões gratuitas para download que circulam na internet, pois podem ser falsificadas.

Um aplicativo que identifiquei na data de publicação deste artigo não é feito pela organização NANDA e está desatualizado, mas caso queira utilizar para aprender a construir os diagnósticos, vai te ajudar muito. O link está no botão ao lado.

Modelos para fazer diagnósticos de enfermagem.

E agora é com você! Obtenha as listas de conceitos, sejam físicas ou virtuais. Uma vez que você está com os dados coletados do paciente em mãos, com base na Teoria de Enfermagem selecionada, identifique os padrões alterados, defina a linguagem padronizada a ser utilizada e construa os diagnósticos.

Abaixo deixo um material para download com modelos para a construção dos diagnósticos de enfermagem em cada uma das linguagens acima citadas. Atenção! Este material não é um arquivo com os conceitos dos guias oficiais. No material há modelos de diagnósticos que podem ser construídos utilizando estes guias. 

Baixe o material gratuitamente e bom proveito!

Sabemos que muitas pessoas veem a enfermagem como uma profissão muito prática e poucos veem como uma categoria que não apenas executa prescrições, mas que sabe, pensa e também estabelece prescrições. É em defesa de uma maior visibilidade da enfermagem enquanto ciência e da melhoria da qualidade assistencial e das condições de trabalho da enfermagem que defendo a construção dos diagnósticos como parte do Processo de Assistência na Enfermagem. Os diagnósticos dão voz e registro ao conhecimento da enfermagem fortalecendo as nossas ações e a nossa profissão.

E então, você está pronto(a) para realizar os diagnósticos de enfermagem?

Enfermagem com Aldri

Copyright©, Aldrina Cândido. 

Enfermeira e Professora de Enfermagem desde o ano 2000, no ensino técnico, superior e pós-graduações, especialista em Formação Pedagógica, Mestre em Gerontologia Social, Doutoranda em Ciências da Educação.

Publicado em 16 de Novembro de 2022.

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