10 assistências de enfermagem para o pós-operatório.
O período pós-operatório é o período que se inicia imediatamente após uma cirurgia e se estende ao longo do processo de recuperação do paciente. Esse período é de extrema importância, pois influencia diretamente na eficácia do procedimento cirúrgico e no bem-estar do paciente. Neste artigo te apresento 10 assistências de enfermagem que você deve conhecer para cuidar de pacientes no pós-operatório, independente do tipo de cirurgia que o paciente tenha feito.
O pós-operatório e sua classificação.
O período pós-operatório é uma fase crítica no cuidado de pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos. Momento que exige atenção extrema por parte da equipe de enfermagem. Antes de falarmos dos cuidados é importante relembrarmos como se classifica o pós-operatório.
O pós-operatório é classificado em:
- Pós-operatório Imediato: as primeiras 24 horas após a cirurgia, quando o paciente está se recuperando da anestesia e os sinais vitais são monitorados de perto.
- Pós-operatório Mediato: período após completar 24h da cirurgia, quando o foco está na prevenção de complicações.
- Pós-operatório Tardio: período que se inicia após a primeira semana da cirurgia e se estende até a completa recuperação do paciente.
Durante estes períodos o cuidado de enfermagem se modifica. Por exemplo, nas primeiras 24 horas, esse cuidado precisa ser mais intenso, a vigilância deve ser maior. Após as primeiras 24 horas, quando começa o pós-operatório mediato, a depender do quadro clínico do paciente, esse cuidado pode ser menos intenso e assim segue, reduzindo de intensidade até a pronta recuperação do paciente.
O que um profissional de enfermagem deve conhecer para cuidar de um paciente no pós-operatório?
Cuidar de pacientes em pós-operatório exige habilidades profissionais específicas e o conhecimento de condições, procedimentos, assistências, etc.
Um primeiro aspecto que o profissional precisa dominar é o conhecimento sobre as diferentes cirurgias, afinal, para cada uma delas existem cuidados específicos. Por exemplo, em uma cirurgia de retirada do rim (nefrectomia), o paciente deve ser posicionado no leito sempre no decúbito lateral contrário ao lado cirurgiado. Essa posição não é aplicável a uma cirurgia de retirada da tireoide (tireoidectomia), por exemplo, onde a indicação já é manter o paciente em semi-fowler.
Outro aspecto importante é o conhecimento sobre possíveis desconfortos e complicações pós-operatórias. Para cada um deles existe diferentes cuidados, a saber: dor, vômito, frio, sede, hemorragia, infecção, trombose, etc. É importante que o profissional saiba agir em cada um.
É primordial ainda, que o profissional de enfermagem domine a tecnologia em saúde, pois, principalmente no pós-operatório imediato, o paciente poderá estar monitorado com equipamentos eletrônicos diversos, os quais o profissional precisa saber manusear, interpretar seus indicativos visuais, numéricos, sonoros, etc.
É imprescindível ainda o domínio de técnicas de avaliação, pois, é necessário avaliar o paciente constantemente para verificar e identificar qualquer alteração de maneira precoce e assim intervir para evitar complicações. Além disso, essa avaliação precisa ser adequadamente documentada por meio do texto de evolução/avaliação de enfermagem.
Recomendo que você se prepare, adquira e/ou aprimore conhecimentos e habilidades para atuar em unidades que recebam pacientes em pós-operatórios.
Papel do profissional de enfermagem no pós-operatório.
O principal papel a ser desempenhado pelo profissional de enfermagem no pós-operatório é o de monitorização e acompanhamento. Principalmente nas primeiras 24 horas, a vigilância ao paciente precisa ser intensa e contínua, com monitoramento de todos seus parâmetros vitais e de outros tantos aspectos.
Outro papel é o de informar e educar o paciente e seus familiares, inclusive para evitar o surgimento de complicações pós-operatórias e também, para que estes tenham uma noção do que é esperado no pós-operatório, dos possíveis desconfortos e eventuais complicações. Isso minimiza a ansiedade e reduz o estresse do paciente, além de evitar complicações. Neste contexto, o profissional deve ainda dar apoio emocional e esclarecer as dúvidas do paciente e de seus familiares.
É óbvio que outros aspectos poderiam ser abordados aqui, mas vou incluí-los no tópico a seguir, comentando sobre as 10 assistências de enfermagem para o pós-operatório.
Assistências de enfermagem no pós-operatório.
Neste tópico você encontra 10 assistências de enfermagem primordiais para o cuidado de pacientes em pós-operatório. São elas:
Assistência 1 -Monitoramento dos Sinais Vitais e Estado Geral:
O monitoramento dos sinais vitais e estado geral é uma das assistências fundamentais no cuidado pós-operatório. Isso envolve a observação contínua e a medição precisa dos sinais vitais, como frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória e temperatura, para detectar quaisquer variações que possam indicar complicações.
Além disso, acompanhar o estado geral do paciente, incluindo seu nível de consciência, nível de dor e bem-estar emocional, é importante para a identificação precoce de problemas. A importância desse monitoramento está na capacidade de fornecer informações vitais para a tomada de decisões clínicas oportunas, permitindo intervenções precoces e a promoção de uma recuperação segura e eficaz.
Assistência 2 – Controle da Dor:
O conhecimento sobre métodos de controle da dor pós-cirúrgica é necessário para assegurar o conforto e bem-estar do paciente no período de recuperação de forma eficaz e individualizada, pois, nem sempre o método de controle da dor utilizado para um paciente em determinada condição funciona para outro, mesmo que esteja em condição similar.
É importante abordar uma variedade de estratégias para o controle da dor, incluindo medicamentos analgésicos, terapias não farmacológicas e técnicas de gestão da dor. Além disso, é fundamental fornecer sugestões para avaliar a dor de forma eficaz, o que inclui o uso de escalas de dor e a comunicação aberta entre a equipe de saúde e o paciente.
A promoção do alívio da dor não apenas melhora o conforto do paciente, mas também contribui para a aceleração do processo de recuperação, minimizando complicações e permitindo que o paciente participe ativamente de sua própria recuperação.
Assistência 3 – Prevenção de Infecções:
A prevenção de infecções depende não apenas dos cuidados assépticos nos procedimentos, mas também dos cuidados gerais de higiene e precauções a serem adotados pelos profissionais e pelo paciente, família, acompanhantes, etc. Por isso, explicação das medidas de higiene e precauções para prevenir infecções é fundamental no cuidado pós-operatório.
Essa prevenção envolve a adoção rigorosa de técnicas assépticas, incluindo a lavagem adequada das mãos, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a manutenção de um ambiente cirúrgico limpo e estéril.
A ênfase na importância da lavagem das mãos e na aderência a práticas rigorosas de higiene ressalta a necessidade de prevenir a introdução de agentes patogênicos no local da cirurgia, minimizando o risco de infecções pós-operatórias. Essas medidas são essenciais não apenas no ambiente cirúrgico e no momento da cirurgia, mas também em todo momento pós-operatório para garantir a segurança do paciente e a eficácia do tratamento durante o período de recuperação.
Assistência 4 – Mobilização e Prevenção de Complicações Respiratórias:
A promoção da mobilização segura do paciente no pós-operatório é de suma importância para prevenir complicações, especialmente as respiratórias, como pneumonia. Estratégias incluem incentivar o paciente a realizar movimentos leves, mudanças de posição na cama, exercícios respiratórios e deambulação precoce, conforme apropriado para a cirurgia realizada. Essas ações visam evitar complicações como atelectasia (colapso pulmonar) e pneumonia, que podem ocorrer devido à imobilidade prolongada.
A mobilização do paciente promove a expansão adequada dos pulmões, melhora a circulação sanguínea e ajuda na prevenção de complicações relacionadas à imobilidade. É uma parte essencial do cuidado pós-operatório que contribui significativamente para uma recuperação bem-sucedida do paciente.
Assistência 5 – Alimentação e Hidratação Adequadas:
As diretrizes para fornecer nutrição e hidratação adequadas após a cirurgia são vitais para apoiar e promover a recuperação do paciente. A ações incluem a avaliação das necessidades nutricionais individuais do paciente, considerando fatores como a gravidade da cirurgia e as condições médicas subjacentes. Isso pode envolver a introdução gradual de alimentos líquidos claros, seguidos por uma transição para dietas mais sólidas à medida que o paciente tolera.
Além disso, é importante destacar os cuidados com a alimentação, como evitar alimentos que possam causar distensão abdominal ou desconforto digestivo. Manter o paciente hidratado é igualmente crucial para a recuperação. Fornecer orientações claras sobre a ingestão de líquidos e monitorar o equilíbrio hídrico são práticas essenciais para apoiar a nutrição e a hidratação adequadas após a cirurgia.
Assistência 6 – Cuidados com Feridas e Drenos:
Seguir os princípios técnicos científicos para cuidar de incisões cirúrgicas e drenos é fundamental para prevenir infecções e complicações pós-operatórias. As ações envolvidas aí são a manutenção da higiene da área cirúrgica, a troca adequada dos curativos e a observação regular para sinais de infecção, como calor, rubor, edema e/ou drenagem purulenta.
Além disso, é importante explicar como o paciente ou o cuidador pode monitorar a incisão ou o dreno em casa e quais sinais de alerta exigem atenção imediata, como febre persistente ou aumento significativo da dor na área. Esses cuidados bem seguidos e a identificação precoce de complicações são necessários para garantir que a incisão cicatrize adequadamente e que o paciente se recupere sem problemas adicionais.
Assistência 7 – Educação do Paciente e da Família:
A importância de educar o paciente e a família sobre os cuidados pós-operatórios é indiscutível. Fornecer informações claras sobre o que esperar durante o processo de recuperação é um pilar essencial no cuidado pós-operatório. Essa educação capacita o paciente e seus familiares a compreenderem melhor o procedimento cirúrgico, a aderirem às diretrizes de cuidados em casa e a reconhecerem os sinais de complicações potenciais. Ao promover essa compreensão, os profissionais de enfermagem ajudam a criar um ambiente de cuidado colaborativo e permitem que o paciente participe ativamente de sua recuperação, contribuindo para melhores resultados e maior segurança no pós-operatório.
Assistência 8 – Administração de Medicamentos:
O conhecimento sobre a administração segura e precisa de medicamentos pós-operatórios é de extrema relevância. O foco principal deve estar na segurança do paciente e na eficácia do tratamento. Isso inclui a verificação cuidadosa da dosagem e da via de administração para evitar erros.
Além disso, enfatiza-se a importância do acompanhamento rigoroso dos efeitos colaterais, uma vez que os pacientes em pós-operatórios podem ser mais suscetíveis a reações adversas devido ao estresse cirúrgico.
A educação do paciente sobre os medicamentos prescritos e seus possíveis efeitos colaterais é essencial para garantir a adesão ao tratamento e para que ele saiba quando e como comunicar qualquer problema à equipe de saúde. Essa ênfase na administração segura e na vigilância dos efeitos colaterais ajuda a minimizar riscos e a proporcionar um cuidado pós-operatório mais eficaz e seguro.
Assistência 9 – Apoio Emocional e Psicológico:
Fornecer apoio emocional ao paciente em recuperação é um aspecto fundamental do cuidado pós-operatório. Isso envolve a criação de um ambiente acolhedor e de apoio, onde o paciente se sinta ouvido e compreendido. Abordar a ansiedade e o estresse pós-operatório requer empatia e comunicação sensível.
Os profissionais de enfermagem devem estar preparados para ouvir as preocupações do paciente, oferecer informações claras sobre o processo de recuperação e fornecer estratégias de enfrentamento, como exercícios de respiração, relaxamento ou mesmo encaminhamento para apoio psicológico especializado, quando necessário. Esse apoio emocional proporciona bem-estar geral e promove uma recuperação física e emocional bem-sucedida.
Assistência 10 – Documentação Adequada:
Sim. A documentação faz parte dos cuidados de enfermagem. A importância da documentação precisa em cuidados pós-operatórios é inegável. Registros precisos são a base do acompanhamento eficaz do paciente e da continuidade do cuidado. Isso inclui detalhes sobre procedimentos realizados, medicações administradas, sinais vitais, avaliações de dor e qualquer complicação ou intervenção realizada.
Para registros completos e organizados, sugere-se a utilização de linguagem clara e termos padronizados, bem como a adoção de um sistema estruturado de documentação, como o SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação, Plano) ou o DAR (Dados, Assistência, Resposta).
Além disso, registros devem ser feitos em tempo real, para evitar esquecimentos ou erros. Essa documentação precisa não apenas garante uma continuidade adequada do cuidado, mas também serve como registro legal e histórico clínico do paciente, contribuindo para a qualidade e segurança do cuidado pós-operatório.
Como utilizar estas assistências no Processo de Enfermagem.
Estas assistências descritas acima são utilizadas para compor as intervenções de enfermagem. Você pode utilizar cada uma delas, adequando à condição que o paciente apresenta, para redigir uma intervenção e, a partir daí, estruturar prescrições de enfermagem, que são as ações mais específicas.
Vamos tomar como exemplo a assistência 2: Controle da Dor. Essa seria a intervenção. Aí te pergunto: que ações de enfermagem podem ser feitas para controlar a dor? A resposta a esta pergunta compõe o que chamamos de prescrição de enfermagem ou plano assistencial ou assistências de enfermagem. Podemos dizer que para controlar a dor as seguintes ações, dentre outras, devem ser executadas:
INTERVENÇÃO | PRESCRIÇÃO |
Controle da dor | -Medicar com analgésicos conforme prescrição médica; -Realizar mudança de decúbito; -Posicionar o paciente confortavelmente no leito; -Ouvir o paciente e esclarecer suas dúvidas (sim, às vezes uma simples conversa “alivia” a dor). |
Resumindo: essas assistências comporão as intervenções e prescrições de enfermagem que serão construídas na etapa de planejamento da assistência e executadas na etapa de implementação, seguindo o Processo de Enfermagem.
O pós-operatório é um período crítico que requer atenção especial e cuidados precisos. O profissional de enfermagem desempenha um papel central na promoção da recuperação dos pacientes, garantindo que as assistências essenciais sejam fornecidas de forma adequada e que o plano de cuidados seja seguido com diligência. Conhecimento, habilidades e compromisso são essenciais para proporcionar um cuidado de qualidade durante essa fase desafiadora do processo cirúrgico.
Agora que você está a par destas assistências te desafio a construir um plano de assistência para pós-operatório de forma detalhada. Deixo um formulário abaixo que pode ser utilizado para o registro dessas assistências.
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Enfermagem com Aldri
Copyright©, Aldrina Cândido.
Enfermeira e Professora de Enfermagem desde o ano 2000, no ensino técnico, superior e pós-graduações, especialista em Formação Pedagógica, Mestre em Gerontologia Social, Doutoranda em Ciências da Educação.
Publicado em 14 de Setembro de 2023.